24/11/2014
24 de novembro, dia do Rio
GERAL
24 de novembro de 2014, dia do Rio, a data foi instituída devido à preocupação com a escassez de água. O objetivo é uma reflexão para a proteção dos recursos naturais. Os Rios são primordiais para a vida nos mais variados ecossistemas. A Mata Ciliar, vegetação existente nas margens dos rios evita o processo de erosão do solo, considerando que parte da água que escoa das chuvas é retida pela raízes dessa vegetação. Preservar a Mata Ciliar é proteger a flora e a fauna destas áreas.
Proteja o Rio, cuide das nossa águas!
Leia o poema abaixo e descubra os encantos do Rio nos versos de Cora Coralina.
RIO VERMELHO
Tenho um rio que fala em murmúrios.
Tenho um rio poluído.
Tenho um rio debaixo das janelas
Da Casa Velha da Ponte.
Águas da minha sede...
Meus longos anos de ausência
Identificados no retorno:
Rio Vermelho – Aninha.
Meus sapos cantantes...
Eróticos, chamando , apelando,
Cobrindo suas gias.
Seus girinos – pretinhos, pequeninos,
Inquietos no tempo do amor.
Sinfonia, coral, cantoria.
Debaixo das janelas tenho um rio
Correndo desde quando?...
Lavando pedras, levando areias.
Desde quando?...
Aninha nascia, crescia, sonhava.
Água – pedra.
Eternidades irmanadas.
Tumulto – torrente.
Estática – silenciosa.
O paciente deslizar,
O chorinho a lacrimejar
Sutil, dúctil
na pedra, na terra.
Duas perenidades –
sobreviventes
No tempo.
Lado a lado – conviventes,
diferentes, juntas, separadas.
Coniventes.
Meu Rio Vermelho é longínqua
Manhã de agosto.
Rio de uma infância mal-amada.
Meus barquinhos de papel
Onde navegavam meus sonhos;
Sonhos navegantes de um barco:
Pescadora, sonhadora
do peixe-homem.
Um dia caiu na rede
Meu peixe-homem...
todo de escamas luzidias,
todo feito de espinhos e espinhas.
Rio Vermelho, líquido amniótico
Onde cresceu da minha poesia, o feto,
Feita de pedras e cascalhos.
Água lustral que batizou de novo meus cabelos brancos.
Coralina Cora, 1889- 1985. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais/ Cora Coralina. – 23ª ed. – São Paulo: Global, 2006.