27/05/2021
Bacia do Paraná registra os piores níveis em 91 anos
SALA DE ACOMPANHAMENTO
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) realizou, na tarde do dia 26 de maio, a 1ª Reunião sobre a Situação Hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná. O objetivo foi tratar da situação hídrica da bacia do Paraná de forma conjunta entre os interessados nas bacias dos rios Paranaíba, Grande e Paranapanema e na Hidrovia Tietê-Paraná.
Anos consecutivos de precipitações abaixo do esperado, observadas especialmente no último período de chuvas de outubro de 2020 a abril de 2021, levaram ao registro das piores afluências e níveis de acumulação nos principais reservatórios de geração de energia em todo o histórico disponível de 91 anos. Em especial, a região hidrográfica do Paraná, que concentra a maior capacidade de geração do País, registra os menores níveis para este período do ano em quase todos os reservatórios, com tendência de esvaziamento até o final do ano.
Para explicar sobre a situação da bacia do Paraná, foram convidados o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que falaram, respectivamente, sobre a questão meteorológica e a operação hidráulica dos reservatórios.
Em sua apresentação, o Coordenador-Geral de Operações e Modelagem do Cemaden, Giovanni Dolif Neto, destacou as precipitações que ocorreram com níveis muito abaixo do esperado desde maio de 2019 - neste período, choveu apenas 61% do esperado. De acordo com Dolif, as previsões futuras também não são otimistas, já que não há previsão de chuvas significativas para a bacia do rio Paraná.
Em relação à geração de energia, os números registrados dão conta dos piores cenários dos últimos 91 anos. No reservatório de Água Vermelha, no Rio Grande, tem-se atualmente a terceira pior MLT (Média de Longo Termo); no reservatório de São Simão, na bacia do Paranaíba, a segunda pior MLT; e nos rios Tietê e calha principal do Paraná, as piores MLT já registradas. Outro dado apresentado pelo ONS dá a dimensão do problema que que será enfrentado este ano: trata-se do segundo pior nível de armazenamento dos reservatórios da bacia do Paraná para o período, sendo que o pior nível aconteceu em 2001, quando houve a “Crise do Apagão” no Brasil e o terceiro pior em 2015, quando houve o fechamento da hidrovia Tietê-Paraná.
De acordo com o ONS, as projeções indicam que, mantendo-se o cenário atual, haverá o esgotamento dos reservatórios das bacias dos rios Grande e Paranaíba, entre os meses de agosto e setembro; perda da governabilidade hidráulica na bacia do rio Paraná; impossibilidade de garantia do atendimento eletroenergético e as restrições de vazões mínimas; e operação de Ilha Solteira abaixo da cota, o que comprometeria a navegação da Hidrovia Tietê-Paraná.
Você pode assistir a reunião na íntegra clicando aqui. As apresentações estão na descrição do vídeo.