O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) adotou, oficialmente, a distribuição racionada de água tratada em Uberlândia. Isso significa que, a partir de agora, por tempo indeterminado, os moradores de bairros de diferentes regiões poderão ter falta de água ou redução do fornecimento durante parte do dia. A medida emergencial foi necessária para equilibrar a chegada da água nos bairros, uma vez que, com tempo seco e altas temperaturas, a população aumentou de forma significativa o consumo nos últimos dias ante o mesmo patamar de produção dos últimos meses.

Nível de água do rio Uberabinha está baixo e já traz reflexos para o abastecimento na cidade (Foto: Marcos Ribeiro)

Por causa das atuais condições hídricas, conforme o CORREIO de Uberlândia já mostrou em outras reportagens neste ano, hoje a autarquia consegue captar 200 mil m³ de água por dia, ao passo que, hoje, o gasto geral em 24h está beirando os 230 mil m³ diários.

No último fim de semana, a distribuição racionada já pôde ser percebida pela população em alguns bairros, como o Martins e Daniel Fonseca, no setor central, e, em outros, como o Umuarama e Jardim Ipanema, na zona leste (leia mais nesta página). Muitas pessoas relataram a falta de água durante horas em casas, condomínios, comércios e escritórios.

Para evitar que a população seja surpreendida daqui para frente, o Dmae começará a veicular, ainda nesta semana, em televisões e rádios, um comunicado explicando a circunstância. E pedirá que todos colaborem com economia no consumo de água na cidade. “Achamos que é a solução mais adequada no momento. Se todos se conscientizarem e economizar 10% do que gastam, voltaremos a operar normalmente a distribuição”, disse o diretor-geral da autarquia, Orlando Rezende. Pelo fato de o racionamento operacional ser recente, Rezende disse que um cronograma de trabalho para apontar os bairros uberlandenses que serão afetados no dia a dia e a quantidade de horas ainda será organizado.

Punições ainda podem ser anunciadas 

Um racionamento legalmente decretado em Uberlândia, contemplando punições para excessos no uso da água, por exemplo, não está descartado, caso a ação de distribuição racionada de água adotada não dê resultado. A medida mais radical poderá ser determinada, se as duas bacias, a do rio Uberabinha e a do ribeirão Bom Jardim, continuarem com níveis baixos.

A previsão é que volte a chover na cidade no fim desta semana e, mesmo assim, isso não significa que irá recuperar as bacias. “Nossas estações, tecnicamente, conseguem captar água até para um milhão de pessoas. Mas temos pouca água no momento. Tudo que chega, tratamos e mandamos para a rede”, disse o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Orlando Rezende.

Cinco áreas já enfrentam dificuldades 

Durante o último fim de semana, a falta de água foi verificada em ao menos cinco bairros distintos de Uberlândia devido à distribuição racionada adotada, recentemente, pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). Dentre este cinco, o Jardim Ipanema, na zona leste, não teve água por quase um dia inteiro no sábado (30). O local, por ser um dos bairros mais altos e também afastado da área de captação, sofre com falta de pressão na água há algum tempo, segundo o relato dos moradores.

A corretora de imóveis Hellen Mendes é moradora do Jardim Ipanema e disse que, o sábado foi um dos dias mais críticos já vistos pelos moradores do bairro. Segunda ela, a água faltou, praticamente, durante toda a manhã e só retornou no fim da noite. “Minha vó é acamada e tivemos que arrumar baldes para a higiene dela. À noite, tive que ir à outro bairro para tomar banho”, disse. “Já vi faltar água e creche ter de liberar os filhos por causa disso recentemente. Preocupante essa nossa cultura de gastar indiscriminadamente”, afirmou.

Ação pode funcionar, diz especialista 

A medida de distribuição racionada em Uberlândia, adotada pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), aliada a uma campanha de conscientização no rádio e na TV, é uma prática preventiva que pode dar resultado diante da situação crítica. A avaliação é de Antônio Giacomini Ribeiro, pós-doutor em Geografia Física, professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Araguari.

Apesar disso, se esta estratégia não funcionar, segundo Ribeiro, outras soluções terão de ser pensadas, uma vez que a população gastará, naturalmente, mais água neste período, que vai até outubro e é seco, com dias mais longos. Isso porque criou-se uma cultura de gastos de água sem restrições – bem superiores ao vistos em outros países.

Dicas para economizar

1. Feche a torneira enquanto escova os dentes e ensaboa a louça. Uma torneira aberta pode gastar até 2,4 l de água por minuto.
2. Jogue os restos de alimentos no lixo e dê um jato rápido de água na louça ao deixá-la na pia. Isso facilita na hora que você for lavar tudo mais tarde, gastando menos água.
3. Reduza o tempo de banho para até oito minutos. A cada minuto debaixo do chuveiro, você gasta de 3 a 9 l de água.
4. Não lave a calçada com a mangueira.
5. Acumule roupa para lavar tudo em uma só maquinada.
6. Feche bem as torneiras para não pingar e conserte vazamentos rapidamente. Torneiras pingando podem chegar a gastar quase 50 l de água por dia.
7. Aperte a descarga somente pelo tempo necessário. Se a descarga da sua casa não é de duplo acionamento, preste atenção em quanto tempo você fica apertando.
8. Lave o carro com um balde e não com a mangueira.

Fonte: Agência Nacional de Águas